Cheia em Manaus Rio Negro se iguala ao nível de 1953

24/06/2009 14:41

 

23 de junho de 2009
 

 


 

Arnoldo Santos

Direto de Manaus


O rio Negro atingiu nesta quarta-feira a cota de 29,69 m, se igualando ao nível atingido em 1953, quando foi registrada a maior cheia da história do Amazonas.

Com a subida do rio, várias ruas do centro de Manaus foram inundadas. A avenida Eduardo Ribeiro, a principal da região central, foi interditada ontem pelo Instituto Municipal de Transporte e Trânsito (IMTT) por ter sido tomada pela água do rio Negro que inundou as galerias subterrâneas do centro. Outras ruas do centro histórico, como a rua dos Barés e Barão de São Domingos, também estão inundadas.

A enchente na capital do Estado pode piorar nos próximos dias. "É possível que esta cota seja ultrapassada considerando que o rio ainda esteja subindo entre 1 e 2 cm", disse o chefe do serviço hidrológico do Porto de Manaus, Valderino Pereira da Silva.

Na capital, as principais ações de emergência foram a distribuição de madeira e a construção de pontes. A maioria das pessoas não quis sair de casa, mesmo com a alagação. Em dois abrigos instalados pela prefeitura de Manaus, 21 famílias foram instaladas.

Em todo o Estado, 63 mil famílias receberam o cartão SOS Enchente que dá direito a R$ 300. O governo do Estado já gastou R$ 120 milhões em 51 municípios atingidos pela cheia, principalmente com a compra de combustível, distribuição de cestas básicas e remédios, além de compra de madeira.

Famílias permanecem nas casas
Na zona sul da capital, o pedreiro Aldenílson Rodrigues reúne pedaços de madeira para subir o piso da casa onde vive com mais três filhos. "De dia é o calor, quando chega a noite são as carapanãs (mosquitos) que atacam. E o fedor é cruel", diz Aldenílson, mostrando o buraco no assoalho da casa por onde a água do igarapé poluído está prestes a invadir.

Em todas as casas invadidas pela água onde as famílias decidiram permanecer, a madeira recebida de doações serviu para a construção das marombas, o piso reforçado que fica a poucos centímetros da água que passa embaixo das construções. Quando a casa está muito perto da água, as marombas chegam a diminuir em mais da metade a altura do teto.

Na casa da dona-de-casa Eloísa Pereria moram nove pessoas. O assoalho foi levantado duas vezes e a altura do teto não ultrapassa 1,5 m. As pessoas adultas têm de andar praticamente agachadas pela casa. "Eu tenho um filho de 1,75 m de altura. Imagina o nosso dia-a-dia vivendo nesta altura do teto", reclama a dona-de-casa.

Em locais onde a água subiu muito, comunidades inteiras saíram de casa. No beco Ypiranga, na zona sul, a dona-de-casa Érika Marques mostra a casa dela tomada pela água. "Muitos moradores deixaram suas casas. Não houve como agüentar tanta sujeira e o fedor. Eu moro aqui há oito anos e nunca vi uma enchente como essa", diz Érika.

 

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